O assassinato do missionário cearense Francisco Antônio Chagas Barbosa, de 39 anos, foi confirmado no último sábado (10). Ele foi morto a tiros e teve o carro incendiado na capital do Quênia, Nairóbi.
De acordo com a organização Missão Cristã Mundial, para a qual o pastor trabalhava, ele já tinha sido vítima de outros ataques anteriormente, por isso mancava de uma das pernas. O missionário servia em duas regiões com perseguição severa aos cristãos, o Quênia e o Sudão do Sul.
Os dois países fazem parte da Lista de Países em Observação 2023, ou seja, são locais observados pelos analistas da Portas Abertas por causa dos relatos de perseguição severa na região. Ambos já estiveram no ranking dos 50 países mais perigosos da Lista Mundial da Perseguição em anos anteriores, mas, por causa do agravamento acelerado da perseguição em outras regiões, eles foram superados na lista.
O que aconteceu a Francisco é reflexo da realidade de milhares de cristãos perseguidos no Quênia, Sudão do Sul e em toda a África Subsaariana. Apesar da perseguição, o diretor da organização que enviou o missionário confirmou a dedicação de Francisco em entrevista ao portal G1.
– Ele seguia firme no chamado, cuidando de viúvas, órfãos, refugiados das guerras dos países próximos. Fazia um trabalho excepcional.
Francisco deixou esposa e uma filha.
PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS
Na última década, o Quênia foi cenário de numerosos ataques mortais do grupo jihadista Al-Shabaab. Embora todos os cristãos sejam alvo dos radicais islâmicos, os de origem muçulmana do Nordeste e litoral vivem sob constante ameaça de ataques, até mesmo dos familiares. A consequência é o deslocamento dos cristãos perseguidos para a capital Nairóbi ou para outros lugares seguros.
O Al-Shabaab também tem forte influência entre a população local e seus membros frequentemente monitoram as atividades dos cristãos. Por causa da corrupção e crime organizado, as autoridades não tomam medidas para proteger cristãos atacados, e por isso encorajam novos atos de perseguição.
Além disso, a ação dos jihadistas prejudica os sistemas de educação e saúde regionais, já que a maioria dos professores, profissionais de saúde e outros prestadores de serviços sociais cristãos deixaram a região norte por causa da insegurança.
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