Empresários dizem que veto de Lula à desoneração da folha de pagamentos causa insegurança para investimentos e vai provocar demissões
31 centavos a mais em cada viagem de ônibus. Esse é o aumento médio previsto pela Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos caso o Congresso não derrube o veto presidencial à desoneração da folha de pagamento.
"Nós vamos ter de acrescentar 7% do custo da prestação do serviço, valor esse que certamente será repassado para a tarifa”, diz Francisco Christovam, diretor executivo da NTU.
Outros setores afetados também se manifestaram. Em nota, as centrais sindicais afirmam que o veto coloca milhões de empregos em risco e estimula a precarização no mercado de trabalho. Além das demissões, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção alertou para a insegurança jurídica.
A Federação Nacional de Call Center e Infraestrutura de redes informou que, só no setor, 400 mil postos de trabalho podem ser extintos em dois anos.
Também houve repercussão no Congresso. Parlamentares já tinham avisado ao planalto que há votos para derrubar o veto. A sessão que pode confirmar essa intenção está prevista para a próxima terça-feira.
Em entrevista ao Canal Livre, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que o assunto será analisado até 31 de dezembro e ressaltou a importância de manter a desoneração.
“Um movimento nesse sentido que possa gerar desemprego no nosso país, portanto perigoso e a medida é justa porque ela é muito diferenciada quem tem especificidade e alta empregabilidade que são os 17 setores”, disse.
Em nota, empresários dos 17 setores da economia mais atingido afirmam que têm plena confiança que o poder legislativo irá derrubar a decisão do governo com a necessária urgência.
O veto do presidente foi recomendação do Ministério da Fazenda. Fernando Haddad não quer abrir mão de mais arrecadação para cumprir a meta fiscal e prometeu apresentar uma alternativa ao Congresso.
"Vamos aguardar a reforma tributária, e na sequência a gente tenta resolver esse problema. Entendo que o congresso tem autonomia para tomar suas medidas mas considero que a medida que o presidente tomou é correta”, disse Haddad.
Adotada desde 2011, a desoneração permite que empresas de 17 setores substituam a contribuição previdenciária, de 20% sobre os salários, por uma alíquota sobre a receita bruta, que varia de 1% a 4,5 %. O projeto prorroga a medida até 2027 e estende o benefício para cidades com cerca de 140 mil habitantes.
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