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Escavação revela estrutura do Hospital da Candelária: entenda o que isso representa para a História de Rondônia

Hospital centenário foi criado, sobretudo, para atender os trabalhadores que ficavam doentes durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.

Escavação revela estrutura do Hospital da Candelária: entenda o que isso representa para a História de Rondônia
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Parte da estrutura do centenário Hospital da Candelária foi evidenciada durante uma escavação realizada por pesquisadores de arqueologia da Universidade Federal de Rondônia (Unir). Os itens encontrados na atividade serão estudados a fim de entender a história dos trabalhadores que ajudaram a construir a história do estado de Rondônia.

A gente busca contar a história dessas pessoas desse período da colonização, das pessoas que não foram percebidas, contadas ou significadas pela História oficial. A gente tem que lembrar que esse processo de colonização as vezes é muito bonito: 'nossa a Estrada de Ferro, que bonito, que moderno'. Mas a que custo esse projeto foi levado pra frente? E depois que as obras vão embora, o que fica?', ressalta a professora e coordenadora da escavação, Juliana Santi.

 

Segundo identificado pelos pesquisadores, no local onde aconteceu a escavação funcionava a Casa dos Operários: uma espécie de dormitório onde viviam os trabalhadores do hospital. Na mesma área, também funcionava o necrotério do complexo hospitalar.

“Quando você fala de Candelária as pessoas associam diretamente ao cemitério que é o que tem visitação. O cemitério, na verdade, é uma consequência do hospital que estava instalado ali, mas o hospital acabou ficando esquecido”, destaca Juliana.

 

O que é o Hospital da Candelária?

 

Construído por volta de 1907, o Hospital da Candelária tinha o objetivo de acomodar os primeiros doentes que trabalhavam na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. O hospital foi montado entre os municípios de Santo Antônio e Porto Velho.

 

  • Leia mais: saiba o que foi o Hospital da Candelária

 

A estrutura completa possuía 29 espaços diferentes, entre enfermarias, salas de cirurgia, farmácia, casas dos médicos, casa dos enfermeiros, cozinha, horta e até mesmo galinheiro e cocheira, entre outros.

Instalações do Hospital da Candelária no ano de 1909, em Porto Velho  — Foto:  Dana Merrill/ Acervo Antônio Cândido

Instalações do Hospital da Candelária no ano de 1909, em Porto Velho — Foto: Dana Merrill/ Acervo Antônio Cândido

 

A professora doutora, Mara Genecy Centeno Nogueira, na tese "Entre Categas e Mundiças: Territórios e Territorialidades da Morte na Cidade de Porto Velho" explica a ligação entre a EFMM e o hospital.

"O Hospital da Candelária ao ser concluído tornou-se o mais moderno da região e foi bastante elogiado pelo médico Oswaldo Cruz durante a sua visita de inspeção sanitária a Santo Antônio e a Porto Velho. As instalações do hospital chamavam atenção de todos que o visitavam em decorrência das suas dependências arejadas e algumas teladas, pelo equipamento moderno, pela condição de assepsia", consta na tese de Centeno.

O hospital ficou ativo até aproximadamente 1930, quando foi desativado. Depois disso, ações humanas e do próprio tempo fizeram com que a estrutura ficasse em ruínas, praticamente soterrada.

 

Qual a importância da escavação?

 

Ao lado do Hospital da Candelária, fica o cemitério homônimo, tombado como patrimônio histórico de Rondônia. Segundo a professora Juliana Santi, a evidência da estrutura do Hospital da Candelária serve como uma forma de reparar um “apagamento”- intencional ou não - que ele sofreu ao longo dos anos.

“Quando a gente fala de estrada de ferro geralmente a gente vai entrar nos grandes nomes: os engenheiros, as enfermeiras... não que eles não sejam importantes, mas a gente acaba deixando de lado as outras pessoas que trabalharam. [..] Em muitos relatos a gente vê que eles [os trabalhadores] chegavam aqui fugindo de guerra ou fome, muitas vezes com uma propaganda de que poderia fazer uma vida melhor, e eles chegam aqui, muitos deles morrem e são enterrados aqui e a família nunca mais tem conhecimento deles”.

 
Pesquisadora nas ruínas do Hospital da Candelária — Foto: Unir

Pesquisadora nas ruínas do Hospital da Candelária — Foto: Unir

FONTE/CRÉDITOS: G1
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