A força da chuva e do ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul fez o estado enfrentar a pior tragédia natural do século na região. Pelo menos 46 pessoas morreram, dezenas estão desaparecidas e 350 mil gaúchos foram afetados pelas forças das águas.
Em Roca Sales, uma das ruas foi completamente varrida do mapa. Muçum, ao norte do estado, teve 80% da cidade destruída. A enchente que destruiu cidades inteiras e deixou mortos e desaparecidos também levou memórias, registros e documentos.
Documentos, álbuns de família, foi tudo. Não sobrou nada que pudesse relembrar nossa história, lamenta o aposentado Carlos Luiz da Ros.
Nos fundos do Hospital Roque Gonzalez, em Muçum, há um pátio onde eram realizados atendimentos psicossociais. Agora, a lama e a destruição da enchente tomaram o local. “O hospital ficou embaixo d'água, a gente teve que subir. Olhava na janela e só via água, água e água”, conta a cozinheira Gleciane Marine da Silva.
Vilson Imhoff, produtor de leite, perdeu boa parte das 20 vacas leiteiras da propriedade dele no Vale do Taquari, que também foi destruída pela enxurrada. “Eu só fiquei com a roupa do corpo, perdi o carro, todos os móveis”, diz Vilson.
Decidi já, vou abandonar tudo. Era minha vida, não tenho como recomeçar, diz o produtor, emocionado.
Em Colinas, a água arrancou o asfalto da rodovia, dificultando o acesso às propriedades. Pelo menos 4.500 quilômetros de estradas foram danificadas, prejudicando também o transporte da produção agropecuária. Um levantamento preliminar aponta que houve danos em 1.192 casas, 621 galpões, 12 armazéns, 116 silos, 25 estufas de fumo, 25 estufas/túneis plásticos para horticultura, 128 açudes (piscicultura/irrigação), 53 aviários e 45 pocilgas.
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