Após se tornar uma "febre" nas periferias, a venda de armas de gel foi proibida nas cidades de Olinda e Paulista, no Grande Recife. A medida visa restringir o uso desses brinquedos, já que as balas disparadas por eles podem atingir os olhos e causar graves ferimentos, prejudicando a visão.
Ao menos 68 pessoas ficaram feridas entre o dia 30 de novembro e a quarta-feira (11), segundo a Fundação Altino Ventura (FAV), hospital de referência no atendimento oftalmológico no estado. No início desta semana, até a segunda (9), eram 50 casos.
As bolinhas também são utilizadas na jardinagem, como decoração de vasos, por exemplo. Mas, nas armas, viram munição.
Paulista foi a primeira cidade a tomar a medida após o prefeito Yves Ribeiro (PT) sancionar a lei 5.367/2024, aprovada pela Câmara de Vereadores, na terça (10). O texto proíbe a fabricação, comercialização e distribuição desse tipo de arma no município.
Os estabelecimentos que descumprirem a norma estão sujeitos a advertência, multa, suspensão de atividades por 30 dias e até cassação de licença de funcionamento. A lei prevê, ainda, que a prefeitura realize "ampla campanha educativa" para conscientizar as pessoas sobre os riscos da prática.
Na quarta (11), o prefeito de Olinda, Professor Lupércio (PSD), assinou o decreto municipal 176/2024, proibindo o uso das armas de gel na cidade. A medida também determina diversas sanções, como advertências, suspensão de alvarás de funcionamento e multas, para as lojas que disponibilizarem os artefatos.
Segundo a prefeitura de Olinda, o decreto tem como base a lei estadual 12.098, de 2001, que proíbe, em todo o estado, a fabricação, venda e comercialização de brinquedos que se assemelham a armas de verdade.
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Venda de arma de gel está proibida em Olinda e Paulista, no Grande Recife — Foto: Reprodução/TV Globo
Danos à visão
Ao atingirem os olhos, as balas de gel podem causar danos severos à visão. Entre os problemas relatados, estão dor ocular, baixa visão, inflamações, lesões na córnea, arranhões e sangramento interno.
Uma das vítimas é o menino Kauê, de 9 anos, que mora em Paulista. A criança pegou uma das armas do tio e estava brincando com vizinhos quando foi atingido no olho direito e levado ao hospital. O disparo da bala de gel causa hemorragia interna no olho e foi preciso fazer uma cirurgia de emergência para resolver o problema.
"Foi um negócio desesperador. Ele já caiu com a mão no olho e começou a gritar muito. Eu vi ali que não foi uma coisa leve devido ao desespero dele no chão", contou o tio da criança, o influenciador Rafael Gomes.
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