O Brasil produz cerca de 34 bilhões de litros de leite anualmente e ocupa a terceira posição de maior produtor mundial. A crise causada pela entrada de leite vinda do Mercosul em 2023 somada ao aumento no preço dos insumos e quedas consecutivas do preço pago ao produtor prejudicaram o setor.
“Com a pandemia houve uma inflação muito forte. Primeira dos grãos, os grãos são cotados em dólar pela bolsa de Chicago e a gente vende leite no mercado doméstico em reais. Então a inflação para o leito foi terrível. Os insumos agrícolas significavam alguma coisa perto de 40% da receita do produtor de leite, na formação do curso de produção, e chegou a níveis de 60 a 62%, disse o vice-presidente da Abraleite, Roberto Jank.
O aumento no preço do leite se explica pela menor oferta do produto ocasionada, entre outros fatores, pela saída de produtores da atividade e o reflexo disso é possível se observar na indústria.
Segundo o sócio-diretor da Araguaia Laticínios, Júnior Toledo, as indústrias sofrem com altas despesas, com a compra de insumos em locais distantes e para manter funcionários – que são profissionais na área. Ele afirma que muitas vezes a conta não fecha.
No primeiro quadrimestre, no entanto, o mercado vem mostrando uma reação. De dezembro de 2023 a abril deste ano, o preço pago ao produtor já subiu 10,5%. “Já deu reflexo positivo. A diminuição da importação já é notória e hoje o preço do leite já criou um equilíbrio, hoje o preço do leite em torno de 2,50 para o produtor, a gente acredita ser um equilíbrio para a cadeia”, afirma Rildo Martins, diretor da Araguaia Laticíneos.
O curso de produção também recuou. Com o avanço da colheita da safra de verão e perspectivas favoráveis à oferta de segunda Safra no Brasil somado ao bom desenvolvimento na maioria das praças produtoras, as cotações de milho caíram quase 23% em comparação com abril do ano passado.
“Nós tivemos queda de preço no primeiro semestre, queda de curso de produção no primeiro semestre e isso é uma notícia boa. Nós estamos em um período de margem razoável para o produtor. É por isso que até que essa pressão sobre as autoridades para que tenha alguma ação tenha se reduzido nesse período. Isso não quer dizer que o produtor está no melhor dos mundos, mas para quem teve o sofrimento do ano de 2023, nós estamos agora numa fase em que os produtores estão conseguindo pagar as contas e estão conseguindo fazer um pouquinho de poupança”, comenta pesquisador da Embrapa Leite Paulo Martins.
Mesmo com o cenário mais animador, a situação vivida pelos produtores do Rio Grande do Sul, o maior produtor de leite do Brasil, ainda preocupa. “Considerando que hoje nós estamos na entre safra do centro-sul e deveríamos estar na safra do Rio Grande do Sul, com as forrageiras de inverno e tal, isso não aconteceu esse ano. Então nós temos o Rio Grande do Sul entregando menor produção esse ano para o mercado”, afirma Jank.
Para o segundo semestre a expectativa é de um cenário mais positivo para o setor. “Nós começamos daqui a pouquinho o período de chuvas, isso significa um aumento da pastagem e com o aumento da pastagem, da disponibilidade de pasto, há naturalmente uma redução do curso de produção e aí nós vamos ter, portanto, um aumento da oferta do leite”, finaliza o pesquisador da Embrapa Leite.
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