No Brasil, a inflação deste ano deve fechar em menos de 4%. Dá para acreditar que ela já chegou a quase 5%? Era a época da hiperinflação, que levava a uma remarcação diária de todos os produtos e que empobrecia a população. Agora, depois de tantas moedas criadas, o país respira com o real, cujo plano para cria-la completa 30 anos.
Nos tempos de hiperinflação, no Brasil, correr ao supermercado assim que recebesse o salário era questão de sobrevivência para o consumidor. O dinheiro evaporava. Naquela época, uma das maquininhas mais temidas pelos consumidores era a que remarcava os preços. Sempre que entrava em ação, o povo ficava ciente da redução do poder de compra.
Entre as décadas de 1980 e 1990, o Brasil passou por cinco planos de estabilização econômica: Cruzado, Bresser, Verão, Color 1 e Color 2. Todos fracassaram em 15 anos de hiperinflação.
“As pessoas tinham tanto medo dos planos de combate à inflação quanto da própria inflação. As pessoas lembram do transtorno que era a inflação, mas todo mundo lembra do Plano Collor do dia que o dinheiro sumiu”, disse o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central.
Imagens de animais
O Brasil se preparava para oitava troca da moeda desde os reis. Até a escolha das personalidades históricas que ilustrariam as cédulas ficaram escassas, como relembrou o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.
“Figuras de relevo da história do país, presidentes da República, como o Getúlio Vargas, o barão do Rio Branco, o imperador D. Pedro II, D. Pedro I, estavam lá na nota. E alguém brincou que, daqui a pouco, só vão botar animal nessa nota. E não é que foi isso que aconteceu?”, contou o ex-ministro.
A entrada em circulação do real, em 1º de julho de 1994, mudou o cenário de uma inflação que, no acumulado em 12 meses, chegou a 4.922%, em junho de 1994, às vésperas do lançamento da nova moeda.
Circulação do real
O presidente Itamar Franco havia assumido o poder depois do impeachment de Fernando Collor. A inflação não dava sinais de fraqueza. O chefe do Executivo queria um plano econômico para marcar governo dele. Foi aí que Fernando Henrique foi escolhido como ministro da Fazenda. Consigo, trouxe uma nova equipe econômica, formada por professores e estudantes da PUC do Rio de Janeiro.
Não era gente que veio de fora e se reuniu. Era um time que já estava afinado. Fez muita diferença (Pérsio Arida, integrante da equipe do Plano Real e ex-presidente do BC)
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